quinta-feira, janeiro 05, 2012

Tebow Fever


Não adianta. Por mais que se tente fugir, não há assunto mais palpitante na NFL hoje que Tim Tebow. Discutido em todas as mesas-redondas, conversas de botequim, jornais, artigos, revistas. Não importa. Por onde se fala de futebol americano, sempre há espaço para discutir Tim Tebow.

O jovem quarterback chegou em Denver e logo foi posto como uma das últimas opções para lançar a bola pelos Broncos. O grande problema de Tebow era justamente esse. Lançar a bola. Uma mecânica que foge ao padrão convencional da NFL. Um quarterback que não se sente confiante dentro do pocket. Que percorre os lados do campo. Que prefere correr, a lançar. Tebow chegou ao Denver logo após a troca que mandou o então QB Jay Cutler para o Chicago Bears. Denver recebeu em troca o também quarterback Kyle Orton.

Orton teve 18 jogos como QB de Denver. Ganhou apenas 4 deles. Começou a temporada com uma fraquíssima campanha. Uma vitória em 5 jogos. Estava na hora de mudar. O torcedor de Denver via-se desesperado. Não gritava o nome de Orton. E logo ele foi sacado. Tebow deu lugar a ele. E quem diria? Tim Tebow, apesar de tudo, levou Denver a 7 vitórias em 8 jogos. 5 delas no 4º quarto. Jogos em que Denver perdia e Tebow ia lá. Ia lá e vencia o jogo. Nascia aí o jogador, entre todos os esportes americanos, mais comentados da atualidade. Nascia aí também a Tebowmania. Fenômeno nos EUA. Tebow dominou os meios de mídia. Fale-se bem ou fale-se mal. Só se fala nele desde então. Não há um meio de comunicação que não o cite por dia. Todos querem ouvir, comentar e debater Tebow.

É bem verdade também que Denver após a euforia e seus 7 triunfos perdeu os últimos 3 jogos. Buffalo e Kansas City. Em ambas partidas Tebow não foi o jogador que se viu antes. Denver precisou lançar a bola. Tim Tebow esteve em uma posição nunca enfrentada na carreira. Precisava de grandes jogadas. As conhecidas jogadas explosivas. Mas não dava. Não é o perfil dele. Nunca foi. Vieram as interceptações e os pontos de interrogação sobre ele.

Mesmo com atuações fraquíssimas e com derrota na última rodada, Denver chegou aos Playoffs. Mas as contestadas atuações só serviram de prato cheio para mais críticas. Tim Tebow, antes aclamado por fazer do impossível algo tangível, passou a ser a nova fraude da NFL para muitos. Analistas e mais analistas não acreditam nele como quarterback na NFL. Ele não é o padrão estabelecido na Liga. É inconcebível para estes imaginar um quarterback que não saiba passar sendo quarterback.

Não bastasse isso, junte dois explosivos componentes, o racial e religioso, e pronto. Você chega a conclusão de porque Tebow é tão comentado. Há muita inveja e ressentimento sobre Tim Tebow. E não sou eu quem digo isso. É consenso nos EUA. Tim Tebow é um quarterback branco que joga como um quarterback negro. Um jogador mais físico, não tão técnico e que corre com a bola. Muitos ex-quarterbacks negros que não tiveram chance na NFL por serem contestados como quarterback olham Tim Tebow e se perguntam. "Por que ele pode jogar e eu não pude?" "Por que ele tem chances, mesmo falhando e eu não tive?". Tebow é visto por muitos negros, principalmente os mais antigos que tiveram problemas em jogar como quarterbacks na NFL, como um quarterback limitado que está lá apenas por ser branco.

Não bastasse o elemento racial, a religião é outro componente da complicada equação que envolve o jovem dos Broncos. Assumidamente evangélico, é comum ver Tebow na sideline rezando. Todas suas entrevistas são iniciadas agradecendo a Deus. Tebow faz parte de uma religião com posição mais radical. Que não agrada a todos pelas forte decisões tomadas. Tebow é aberto sobre suas crenças e pensamentos. Não tem vergonha das suas posições. Nãoq ue isso seja algo ruim. Pelo contrário. Mas muitos não gostam de ver essa excessiva exposição de Deus na mídia. Outros muitos acham que o diálogo com Deus e a sua fé devem ser deixados na esfera privada e não trazidas para um estádio de futebol.

Outro ponto interessante sobre Tim Tebow e que também ressente a muitos é o fato de um jovem quarterback ter o espaço na mídia que Tebow hoje possui. Muitos jogadores por aí, com anos de experiência na NFL, títulos conquistados e já consagrados não tem ou tiveram a exposição que Tim Tebow tem. Tim estrela comerciais, é capa de revista, dá entrevistas e é falado. Da hora que se acorda a hora que se dorme se fala de Tebow. Os veteranos se perguntam "O que esse rapaz fez para conseguir tudo isso?" "Como um quarterback medíocre consegue tanto espaço e eu que estou na estrada há anos não?". Só aumentando assim o alvo nas costas de Tebow.

Ame ou odeie, é inegável a polêmica e discussão que gira em torno de Tim Tebow. Denver domingo encara o favoritíssimo Pittsburgh Steelers por uma vaga na semifinal da AFC. Tebow tem mais uma chance de provar que pode ser um quarterback titular na NFL. Tebow também tem a chance de dar mais argumentos para os que não acreditam nele. O que se sabe é que querendo ou não, vencendo ou perdendo, ele será assunto no dia seguinte.

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